O brilho da Orquestra Acadêmica no Festival de Campos do Jordão

Em suas raras peças em tom menor – como é o caso do Concerto n.º 20 em ré menor K 466 – Mozart sempre deixa transparecer o lado mais angustiosamente subjetivo de sua personalidade. Foi esse o ângulo privilegiado por … Continua

por: Redação ( 19 anos atrás - quinta-feira dia 21 de julho de 2005 ) - Atualizado: 21/07/2005 00:00
Tempo de Leitura: 2 minutos

Em suas raras peças em tom menor – como é o caso do Concerto n.º 20 em ré menor K 466 – Mozart sempre deixa transparecer o lado mais angustiosamente subjetivo de sua personalidade. Foi esse o ângulo privilegiado por Jean-Louis Steuerman e Roberto Minczuk, na interpretação do K 466 com que deram início, sábado, à apresentação da Orquestra Acadêmica do 36.º Festival de Inverno de Campos do Jordão. O tom dramático do Allegro inicial, que deixa para trás o estilo galante dos concertos anteriores, foi finamente contrastado com a sonhadora melodia da Romança, no segundo movimento. Mas foi sobretudo no Rondó que a interpretação soube transmitir a duplicidade de sentimentos dessa peça já praticamente pré-romântica, em que, ao clima inquieto do início do movimento, responde o final subitamente luminoso da coda.

O grande atrativo da noite era a estréia das Variações Sinfônicas que Almeida Prado escreveu especialmente para a Orquestra Acadêmica. Melodiosa, extrovertidamente brilhante, a peça explora as possibilidades dos diversos naipes da orquestra, a partir de um belo tema nas madeiras, que se segue à introdução marcada “com ímpeto”. Os climas emocionais se alternam, pedindo à orquestra que toque de modo “expressivo” ou “calmo e solene”, e jogando ora com a retórica dos metais ou os ácidos comentários das percussões metálicas, ora desenvolvendo, nas cordas, um canto sinuosamente sensual.

Uma elaborada passagem nas percussões, sugestivamente descrita como “transbordante de sonoridades coloridas, como uma floresta tropical”, leva ao vigoroso fugato com que a peça se encerra. Nessas Variações Sinfônicas, que a Orquestra Acadêmica executou de forma extremamente persuasiva, Almeida Prado acrescenta uma dimensão nova: sem abrir mão da sofisticação da escrita, comunica-se com seu público de forma direta, cheia de um encanto perfeitamente acessível.

O que comprovou definitivamente a qualidade do trabalho que Roberto Minczuk vem fazendo com os bolsistas do 36.º Festival foi, na segunda parte, a orquestração de Ravel para os Quadros de uma Exposição, em que Mussorgski relembra a retrospectiva da obra de seu amigo Víktor Gártmann, morto em 1873 – peça que é prova de fogo até mesmo para orquestras profissionais. A garra com que esses músicos jovens enfrentaram a riqueza da utilização dos metais – o trompete que anuncia a primeira Promenade; o verdadeiro achado que é a combinação do fagote com o saxofone, no Velho Castelo; a oposição de cordas e madeiras em uníssono, descrevendo o rico e arrogante Goldenberg, às figurações do trompete que representa as lamúrias do pobretão Schmuyle – foi admirável. O que eles passaram foi a coragem e o senso de unidade na resolução dos problemas de executar peça que lhes oferece óbvios obstáculos.

Obter, de uma orquestra de jovens, na primeira semana de trabalho do festival, a intensidade rítmica do Mercado de Limoges, a dramaticidade do Cum mortuis in lingua mortua, ou o clima inquietante de superstição popular, diante do covil da feiticeira Baba-Yaga, expresso na Cabana sobre Patas de Galinha, demonstrou a importância do trabalho pedagógico feito por Minczuk. A execução da Grande Porta de Kiev, o solene quadro final, impregnado de todo o misticismo da Rússia medieval, foi tão empolgante, que a Orquestra Acadêmica a repetiu no final, como bis. Não sem antes ter surpreendido a platéia com um extra, não anunciado no programa: a apaixonada interpretação da abertura do Guarani, que fez jus às melhores qualidades do Carlos Gomes orquestrador.

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