Nelson Freire ganha destaque em Campos do Jordão nesse sábado

Começou com a Jazz Sinfônica, na Praça do Capivari, o dia que talvez fosse o mais aguardado desta edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Com regência de João Maurício Galindo o grupo homenageou, ao ar livre, na manhã de sábado, debaixo de sol e calor (é isso mesmo), um de seus principais colaboradores, o maestro Cyro Pereira, que também subiu ao palco para reger alguns de seus já célebres arranjos sinfônicos para obras de mestres da música popular, como Dorival Caymmi e Luiz Gonzaga. "As pessoas perguntam: isso é música erudita ou popular?", disse o maestro Galindo. "A fonte é mesmo a música popular, mas os arranjos são tão sofisticados que eu chamo isso de música erudita", completou. A discussão pode render horas. Mas, no final das contas, é boa música, muito bem interpretada. Precisa mais?

por: Redação ( 18 anos atrás - segunda-feira dia 17 de julho de 2006 ) - Atualizado: 17/07/2006 11:57
Tempo de Leitura: 3 minutos

Começou com a Jazz Sinfônica, na Praça do Capivari, o dia que talvez fosse o mais aguardado desta edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Com regência de João Maurício Galindo o grupo homenageou, ao ar livre, na manhã de sábado, debaixo de sol e calor (é isso mesmo), um de seus principais colaboradores, o maestro Cyro Pereira, que também subiu ao palco para reger alguns de seus já célebres arranjos sinfônicos para obras de mestres da música popular, como Dorival Caymmi e Luiz Gonzaga. “As pessoas perguntam: isso é música erudita ou popular?”, disse o maestro Galindo. “A fonte é mesmo a música popular, mas os arranjos são tão sofisticados que eu chamo isso de música erudita”, completou. A discussão pode render horas. Mas, no final das contas, é boa música, muito bem interpretada. Precisa mais?

Da praça para o Palácio Boa Vista, o caminho não apenas corta a cidade como também nos leva a um outro mundo musical. Residência oficial de inverno do governador, o palácio recebe o público de concertos na capela construída por Paulo Mendes da Rocha, uma espécie de nave de concreto, com vidros separando o interior da paisagem montanhosa de Campos. É um espaço pequeno – e foram pouco mais de 50 privilegiados que tiveram a oportunidade de assistir ao recital oferecido no final da tarde pelo violoncelista Antonio Meneses e a pianista Celina Szvrinsk. Eles interpretaram obras de Schumann, Martinu, Edino Krieger e Shostakovich.

Quatro compositores, quatro universos diferentes – a mesma preocupação com detalhes, sutilezas de um programa tecnicamente complicadíssimo que, nas mãos de Meneses e Celina, se transformou em um passeio pelas possibilidades expressivas da música, desde a visão particular do folclore recriada pelo checo Martinu na Sonata nº 3 até a volta, não sem uma certa dose de ironia e sarcasmo, ao passado sugerida por Shostakovich na Sonata, a sua primeira obra de câmara, escrita nos anos 30, passando pela comovente homenagem que o compositor Edino Krieger presta a Villa-Lobos em sua Seresta.

Concertos assim valem por um montão, mas era preciso seguir ainda um pouco mais pelas montanhas em direção ao Auditório Claudio Santoro. Não há nada de excepcional na mobilização que a presença de Nelson Freire sempre proporciona. Mas os pouco mais de mil ingressos esgotados há alguns dias e a fila na porta de entrada já davam a pista: o concerto de sábado não foi apenas mais um.

Freire subiu ao palco para interpretar com a Sinfônica Brasileira o Concerto Jeunehomme de Mozart – a mesma orquestra e a mesma peça com que fez sua estréia profissional, aos 11 anos, 50 anos atrás. O programa tinha ainda as Danças Polovtsianas, de Borodin, e a Sinfonia nº 5, de Tchaikovsky, interpretados por uma Sinfônica Brasileira que tenta deixar para trás um passado recente de sucateamento e descaso e encara o desafio de encontrar uma nova voz sob a direção de Roberto Minczuk.

Mas a sensação da noite era Nelson Freire. E o pianista fez com o concerto de Mozart – uma declaração de amor do ainda adolescente compositor – o que bem quis, com uma escolha muito pessoal de andamentos. Era como se aquele fosse o seu concerto. E a platéia veio abaixo. São inúmeros os adjetivos, todos grandiosos. Mas eles perdem o sentido diante do modo como Nelson Freire interpretou breve melodia de Orfeu e Eurídice, de Gluck. Ele sempre a oferece como bis. E o fato de que, mesmo depois de escutá-la tantas vezes, ele ainda consegue comover tanto, provocar arrepios mesmo, diz muito sobre sua arte.

Otema do festival deste ano é a música russa, sugerido pelo centenário do nascimento de Shostakovich. Mas há outro aniversariante sendo homenageado: 2006, afinal, também marca os 250 anos de nascimento de Mozart. Mas é preciso lembrar ainda o aniversário da morte de Schumann; e não esquecer de que o compositor residente desta edição do festival é o brasileiro Edino Krieger.

Os programas das apresentações deste mês em Campos, portanto, contemplam os quatro autores. Dois deles foram destaque também no concerto de ontem da Sinfônica de Santo André, que teve o Concerto para Clarinete de Mozart e a Sinfonia nº 10, de Shostakovich. No final das contas, Campos está apostando na diversidade de estilos, vozes, inspirações, conjunções de momentos históricos. Um desafio técnico e, acima de tudo, expressivo.

A programação de hoje do festival dá uma pausa nos concertos – as atenções estão todas voltadas para um painel que será realizado à noite no Auditório Claudio Santoro. Minczuk, Meneses e o oboísta e maestro Alex Klein, outro dos mais destacados músicos brasileiros no exterior, vão conversar com os bolsistas de Campos sobre um assunto complicado: como construir uma carreira internacional?

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