XXVII Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo
Ao contrário do que muitos pensam, não foi a mudança no estilo de vida que levou ao aumento das doenças cardíacas entre mulheres. "Na verdade, essas doenças nem aumentaram entre as mulheres, o que mudou foi o diagnóstico", afirma o dr. Bráulio Luna Filho, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Até cinco anos, primeiro, havia o mito de que as mulheres não sofriam infartos. Além disso, seus sintomas são diferentes dos sintomas dos homens, o que dificulta o diagnóstico. O infarto no homem se caracteriza, principalmente, por dor no peito, enquanto, nas mulheres, surge, em geral, palpitação, falta de ar e mal-estar. Até pouco tempo, um médico diante de uma paciente com esses sintomas dificilmente pensaria em doença cardíaca e pediria os exames pertinentes.
Outro aspecto importante é a idade com a qual as mulheres sofrem mais de doenças do coração. Em geral, após os 60 anos, passam a ser mais prevalentes, mas o fumo antecipa a chegada desses problemas de saúde. O fumo é mais maléfico para a mulher do que para o homem porque seu organismo metaboliza de forma lenta os componentes do cigarro. "Parar de fumar é fundamental para prevenir doenças cardíacas", alerta o cardiologista Bráulio Luna Filho.
A população feminina tem algumas características que complicam a situação: as mulheres demoram mais a procurar um médico quando se sentem mal; muitas pessoas, inclusive as próprias mulheres, subestimam os sintomas, achando que não é nada grave; como o infarto da mulher não se caracteriza por dor no peito, freqüentemente, seus sintomas são confundidos com os de outros problemas, como dor epigástrica (dor na boca do estômago); após um infarto, a recuperação é mais lenta; as mulheres sofrem mais de depressão, doença que também compromete a recuperação da paciente.
Muitas não sabem que as doenças cardíacas matam mais do que câncer de mama, doença com a qual a maioria se preocupa muito, e que o melhor remédio é a prevenção. Evitar sedentarismo, obesidade, hipertensão, colesterol elevado, diabetes e não fumar são medidas práticas. Além disso, aos 20 anos, deve-se fazer a primeira avaliação médica. Se não houver problemas, deve-se repetir a avaliação a cada cinco anos, até os 40, quando passa a ser a cada dois anos e, depois dos 50, anualmente.
Frente à sua importância, este tema será debatido no XXVII Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, realizado entre 25 e 27 de Maio de 2006, em Campos do Jordão.