A xilogravura é uma gravura feita por meio de impressão sobre o papel de uma matriz entalhada em madeira. O museu localizado em Campos do Jordão trabalha na divulgação dessa arte que teve origem no Oriente há mais de um milênio e meio.
Os chineses empregavam esta técnica para imprimir orações budistas e os japoneses a utilizaram no ano 770 para estampar talismãs. Com as inovações técnicas do final do século XIX, a xilografia passou a ser praticada pelos artistas como forma de expressão para criar obras autônomas, e passaram a ser observadas como quadros.
Fundada em 1987 pelo professor e escritor Antônio F. Costella, o local expõe seu acervo particular, com mais de duas mil obras de cerca de 300 xilógrafos. Segundo Costella, que também cria em Xilo, a necessidade de expor as obras de arte foi ficando tão forte, que com o tempo, ele foi forçado a deixar a casa onde morava para que o espaço abrigasse somente o museu. No local também funciona a Editora Mantiqueira.
Logo na entrada do museu, entre pilares imponentes, um grande tronco de ipê dá boas vindas aos visitantes, para lembrar que “sem árvore não há xilogravura e nem vida”. Uma peça que se estima ter nascido por volta de 1660. Através de seus desenhos circulares deixados pelo tempo é possível demarcar acontecimentos históricos.
Algumas placas colocadas sobre o tronco fatiado – que seria usado como mesa não fosse a intervenção do escritor – apontam o ano de 1698, ano em que Antonio Dias, Bandeirante de Taubaté, passou por Campos do Jordão, descobrindo Ouro Preto em Minas Gerais. O enforcamento de Tiradentes, A Independência do Brasil, o Nascimento de Campos do Jordão e o ano em que o homem pisou na Lua também estão registrados na madeira.
Os pioneiros da Xilogravura do Brasil estão expostos no local. Obras de Oswaldo Goeldi, Lasan Segall e Danúbio Gonçalves misturam-se muitas outras de todo o mundo, cada uma com sua história. Conta o fundador do museu, exemplificando um curioso episódio em que conheceu um chinês, com quem teve de se comunicar através de gestos e desenhos, e que resultou em uma exposição de vários artistas orientais em seu museu.
Chiquinho foi um cãozinho que nasceu na vizinhança e foi adotado por Costella. Doente, o animal só se alimentava na presença do seu amado dono e poderia morrer caso fossem separados, mas Costella precisava fazer uma viagem, onde apresentaria um trabalho em Portugal. Depois de muita insistência do professor, o cão conseguiu autorização para ir junto à uma longa viajem à Europa durante o período da ditadura. Inclusive a passagem de avião e a autorização do vôo estão expostas no museu.
Uma séria de livros “narrados” por Chiquinho foram publicados, inclusive Patas na Europa. O que resultou na criação da Editora Mantiqueira. Por disposição do fundador, os imóveis e o acervo do Museu serão legados “post mortem” a Universidade de São Paulo. Uma cláusula afirma que a USP perderá o direito da doação feita por testamento, caso o túmulo de Chiquinho seja retirado do local.
Estas são somente algumas das histórias que demonstram a riqueza que a Casa da Xilogravura reserva. Sem dúvida uma ótima opção cultural aos amantes das artes e aos que procuram novas fontes de inspiração.
Entrada
Adulto R$ 8,00
Maiores de 60 anos R$ 4,00
Menores de 12 anos não pagam
Horário de Funcionamento
Aberta ao público de quinta a segunda-feira, das 9:00 h às 12:00 h e das 14:00 h às 17:00 h. Fechando somente as terças e quartas.
Mais Informações
(12) 3662-1832
Endereço
Av. Eduardo Moreira da Cruz, 295
Vila Jaguaribe (junto à Praça N. Sra. da Saúde).
Seguindo sentido a Vila Capivari, o Centro Turístico da cidade, faça o retorno em frente ao Supermercado Roma, situado em Vila Jaguaribe; vire à direita seguindo pelo caminho que leva a Igreja Nossa Senhora da Saúde. A Casa da Xilogravura está localizada em frente a igreja.
Comentários