O transtorno de espectro autista (TEA) ou autismo, vem aumentando a cada ano no mundo. Apesar de estimativas apontarem que o Brasil possui aproximadamente dois milhões de pessoas convivendo com esse distúrbio, o diagnóstico ainda é feito de forma tardia por profissionais da saúde e educação, que, em muitos casos, não conseguem identificá-los.
Apesar de ser algo irreversível e que acompanhará a pessoa a vida toda, quanto mais precoce for o diagnóstico e início do tratamento, maiores são as chances dos sintomas serem mínimos, proporcionando desenvolvimento e aprendizado adequado durante todas as etapas da vida, em especial na infância e adolescência.
Para isso, faz-se necessária a importância de assegurar direitos a essas famílias, não apenas na parte da identificação e diagnóstico do autismo, mas também na parte do acompanhamento e infraestrutura educacional, preparando-o de forma adequada para uma vida mais perto da normalidade, sem qualquer tipo de limitação ou restrição.
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Nesse sentido, a Lei nº 12.764/2012 é benéfica para garantir o ingresso dessas crianças no ano letivo, cabendo à escola ter condições igualitárias que propiciem o desenvolvimento adequado a essa população. Porém, a falta de fiscalização gera casos em que o aluno é impedido de prosseguir esses estudos pelas instituições escolares, prejudicando seu avanço no que tange o convívio e atividades sociais cotidianas.
O processo de inclusão de forma igualitária no âmbito escolar, prevê um período de adaptação, mas, antes disso, o mais importante é iniciar a preparação dentro de casa, ao lado da família, que orientará sobre eventuais limitações decorrentes do autismo dentro da sala de aula. Soma-se o fato de colegas de classe e professores saberem pouco como lidar com esse tipo de educação.
Por isso, a educação inclusiva necessita de professores capacitados para lidarem com esse tipo de situação, com o ambiente e materiais de estudos adaptados para facilitar e auxiliar a integração com os outros alunos, diminuindo a exclusão e discriminação oriundas da desinformação de muitos.
O diálogo familiar com o aluno autista e corpo docente ajudarão na promoção escolar para o incentivo a inclusão, que ainda é uma difícil realidade nas escolas brasileiras, seja pela falta de profissionais com experiência nesse tipo de situação, que acabam isolando o estudante, seja pela falta de recursos e infraestrutura da instituição de ensino.
Portanto, o planejamento e trabalho pedagógico consiste em instruir, adaptar e criar métodos para a inclusão deste aluno no novo ambiente, que conviverá com pessoas de diferentes características, personalidades etc.
Pessoas autistas têm dificuldade de lidar com qualquer tipo de mudança, ou cenário novo que passam, em especial nos primeiros anos de vida e aprendizado, por isso é fundamental políticas sociais e acolhimento familiar para lidarem da melhor forma possível com situações como essa.
Através do diálogo entre os envolvidos será possível analisar as melhores ações e resultados obtidos, sejam eles positivos ou negativos, para auxiliar os próximos passos a serem adotados que não prejudiquem o autista.
O Estado tem que investir e capacitar cada vez mais os educadores para saberem lidar com os mais variados tipos de limitações com os recursos disponibilizados pela escola aos seus alunos para melhor êxito no objetivo de inclusão.
Nesse sentido, a APRAESPI desenvolve um trabalho fundamental na questão da inclusão de indivíduos com transtorno de espectro autista (TEA), para que eles possam desenvolver suas habilidades dentro de suas limitações. A entidade tem uma estrutura escolar eficiente, com preparo profissional especializado de todos os envolvidos no processo educativo.
O afastamento, impedimento ou exclusão do autista em um ambiente normal como a escola, não só impedirá os seus potenciais desenvolvimentos, mas também irá colaborar para eventuais agravamentos de sintomas.
Cada vez mais, em uma sociedade evoluída, se faz necessário a inclusão dos mais variados tipos de deficiências, para que todos saibamos conviver e compreender a diferença existente em cada um de nós para lutarmos pela igualdade de oportunidades e direitos de cada indivíduo.
*Lair Moura é ativista na área da Saúde há 50 anos. Advogada com especialização em direito sanitário, administradora de empresas, com foco em administração hospitalar. Fundadora da Federação das APAEs do Estado de São Paulo, com 50 anos de luta em defesa da Educação Especializada.